ATA DA VIGÉSIMA SEGUNDA SESSÃO SOLENE DA TERCEIRA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA PRIMEIRA LEGISLATURA, EM 28.09.1995.

 


Aos vinte e oito dias do mês de setembro do ano de mil novecentos e noventa e cinco reuniu-se, na Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às quinze horas e vinte e dois minutos, constatada a existência de "quorum", o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos da presente Sessão, destinada à entrega do Título Honorífico de "Líder Comunitário" ao Senhor Manoel Rubi da Silva, de acordo com o Requerimento nº 04/95 (Processo nº 539/95), de autoria do Vereador Luiz Braz e aprovado pelo Plenário. Compuseram a Mesa: Vereador Mário Fraga, 1º Vice-Presidente desta Casa, no exercício da Presidência, Senhor Manoel Rubi da Silva, Homenageado, e Senhora Rosalina da Silva, Presidente do Conselho Deliberativo do Clube do Amigo. E como extensão da Mesa, o Senhor Presidente registrou as presenças da Senhora Miguelina Medeiros, membro da Diretoria Social do Clube do Amigo, Senhor José Durval Pisatti, Diretor de Patrimônio do Clube do Amigo, Senhora Iná Correia Rosa, Diretora Jurídica do Clube do Amigo, Senhor Elmo Rocco, 1º Secretário da Associação de Alimentação e Panificação, Senhor Alcir Lopes de Oliveira, Vice-Presidente da Associação de Alimentação dos Aposentados, Vereador Daílson Maciel da Silva, representando o Deputado Federal Eliseu Padilha, Secretário Estadual do Trabalho, Cidadania e Assistência Social e Senhora Horizontina Dornelles da Silva, Chefe do Departamento de Assistência Social do Clube do Amigo. Após, o Senhor Presidente concedeu a palavra aos Vereadores que falariam em nome da Casa. O Vereador Luiz Braz, em nome das Bancadas do PTB, PT, PMDB, PPR, PP, PFL e PSDB, destacou a relevância do trabalho desenvolvido pelo Homenageado, fazendo relato das atividades desempenhadas por Sua Senhoria até hoje. Ainda, elogiou a sua gestão na Presidência do Clube do Amigo, dizendo que esta homenagem foi iniciativa do funcionário da Casa, Senhor Ênio Veiga, membro do referido Clube. O Vereador Isaac Ainhorn, em nome da Bancada do PDT, ressaltou a contribuição que o Homenageado presta à sociedade, citando fatos que marcaram as suas atividades em benefício do Clube do Amigo e desta Cidade. A seguir, o Senhor Presidente convidou o Vereador Luiz Braz para que entregasse o Diploma alusivo ao Título ora outorgado ao Senhor Manoel Rubi da Silva, concedendo, logo após, a palavra a Sua Senhoria que agradeceu por esta homenagem a todos os presentes e à Casa, dizendo que este Título, hoje recebido, representa cinqüenta anos de atividades desenvolvidas no esporte, sindicalismo e na área social, relembrando fatos históricos dos quais participou. Às dezesseis horas e oito minutos, nada mais havendo a tratar, o Senhor Presidente declarou encerrados os trabalhos, agradecendo a presença de todos e convidando os Senhores Vereadores para a Sessão Solene que ocorrerá às dezessete horas de hoje. Os trabalhos foram presididos pelo Vereador Mário Fraga e Secretariados pelo Vereador Luiz Braz, Secretário "ad hoc". Do que eu, Luiz Braz, Secretário "ad hoc", determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada pelos Senhores 1º Secretário e Presidente.

 

 

 


(Obs.: A Ata digitada nos Anais é cópia fiel do documento original.)

 

 

 


O SR. PRESIDENTE (Mário Fraga): Damos por abertos os trabalhos da Sessão Solene destinada à entrega do Título Honorífico de Líder Comunitário ao Sr. Manoel Rubi da Silva, através do Requerimento nº 004/95, de autoria do Ver. Luiz  Braz.

Passamos a palavra ao Ver. Luiz Braz, que falará pelas Bancadas do PTB, do PT,  do PMDB, do PPR, do PP, do PFL e  do PSDB.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente, Ver. Mário Fraga; nosso homenageado, nosso amigo Manoel Rubi da Silva; a nossa amiga, Sra. Rosalina da Silva, Presidente do Conselho Deliberativo do Clube do Amigo; Senhoras e Senhores. É um motivo de grande satisfação estarmos hoje aqui, nesta Sessão Solene, para entregarmos um título que não é comum nesta Casa.

É raro os senhores e as senhoras virem aqui, nas Sessões da Câmara Municipal, e assistirem alguém recebendo título de líder comunitário. É um título muito especial. É dado às pessoas muito especiais. Eu quero dizer que, infelizmente, hoje eu não posso contar aqui com a presença do meu amigo Veiga, porque foi o Veiga a pessoa que veio até o meu gabinete e me lembrou da importância de nós homenagearmos o nosso amigo Manoel Rubi com um título, mas o Veiga hoje convalesce de uma cirurgia que foi feita. Estou sabendo que a operação foi um sucesso. Por isso ele não pôde, de acordo com o seu interesse, estar presente entre nós. Mas quero cumprimentar, também, o  nosso  amigo  Isaac  Ainhorn, que    esteve  várias  vezes  lá, no  Clube  do Amigo,  e  que faz  parte  daquela  corporação  de  pessoas  que  se  reúnem  muitas  vezes  no  ano.

Mas vamos falar do nosso homenageado, baseando-nos nos dados que temos a respeito do Manoel Rubi e que possibilitaram que oferecêssemos a este Plenário um Projeto de Lei para que se transformasse nesta homenagem.

Manoel Rubi tem vários cursos. (Lê.)

"Técnico em Mecânica pela Escola Parobé (1941 - 1945). No sindicalismo participou: em 1965, de curso de três meses a convite do Governo dos Estados Unidos e do México; em 1966, de curso sobre Conhecimentos Gerais de Sindicalismo, na PUC, sob a direção de Pedro Américo Leal; em 1974, do curso de Vocalato, com duração de três meses, patrocinado pela Secretaria do Trabalho e Ação Social. Atividades profissionais exercidas: de 1937 a 1940, Marítimo (Navegação Becker, Navegação Soberba); de 1940 a 1944, Aperfeiçoamento de Mecânica (Armando Martau); de 1944 a 1945, Mecânico  de  Precisão  (Sirei); de 1946 a 1982, na  Cia. de Cigarros Souza  Cruz.

 

 

Neste período recebeu a Medalha de Honra ao Mérito, do Ministério do Trabalho, como Delegado nas CIPAs. Trabalhou como mecânico responsável pelo setor técnico. Foi Presidente da Cooperativa de Consumo Alimentícia dos Funcionários da Cia. Souza Cruz. Foi Presidente, por dezoito anos, do Sindicato dos Trabalhadores na Indústria do Fumo de Porto Alegre. Projetou, construiu e inaugurou a atual sede desse Sindicato. Foi suplente da Junta de Recursos do INPS. Foi Conselheiro do DMAE. Foi Conselheiro da primeira Cooperativa Habitacional dos Trabalhadores na Indústria Porto-Alegrense. Foi jurado do Tribunal do Júri do Fórum do Porto Alegre durante um ano. Foi Presidente da Comissão de Obras da atual sede da Federação dos Trabalhadores nas Indústrias da Alimentação do RS. Foi Delegado junto à Confederação Nacional dos Trabalhadores nas Indústrias. Foi Vogal - Juiz Classista na Justiça do Trabalho. Foi Conselheiro Consultivo da Confederação Nacional dos Aposentados e suplente da Federação dos Aposentados. Aposentou-se em 1985. É fundador da Associação dos Trabalhadores Aposentados da Indústria da Alimentação do RS, exercendo a Presidência desde a fundação. É sócio benemérito e foi Presidente do Clube Amigo Social e Cultural por três mandatos, de outubro de 1989 a setembro de 1994, quando o elevou ao mais alto nível social e patrimonial dos seus vinte anos de existência. As reuniões, neste período, sempre estiveram lotadas e com o que existe de melhor em música ao vivo para a segunda e a terceira idade. Ampliou a sede administrativa do Clube com a compra de sala na Gen. Vitorino, 128. Fez contrato com a Sociedade Ginástica Navegantes/São João para a realização de festas, sendo que o aluguel foi pago à vista para o período de dez anos. Comprou, ainda, uma grande área na Av. Pernambuco, 350, para futura construção da sede social do Clube. Enfim, encerrou sua administração por motivos estatutários, sem  dívidas  e  com  ótimo saldo em poupança e invejável prestígio social."  

Realmente, a gente pôde constatar todo esse prestígio que tinha o Clube do Amigo e que continua tendo. Aliás, nós nos recordamos das valsas que dançamos lá com a nossa amiga Rosinha, e vamos voltar para outras valsas, com ela e com outras amigas lá do Clube.

Quanto vale um homem experiente? Pouco, muito, muito mais ou infinitamente mais que um homem comum? Eu diria que depende da sua experiência, da inteligência que tem, da capacidade de absorver o que existe de bom nessas experiências, da clareza de raciocínio, de saber separar o que é bom do que é ruim, da sua clarividência, de alguns outros atributos que deverão estar ligados ao seu cabedal de conhecimento e, finalmente, da utilização que ele fará de tudo isso.

Dou essa definição a fim de introduzir o nome que engloba todas essas qualidades: o do Dr. Manoel Rubi da Silva, nascido em Venâncio Aires no dia 17 de junho, há 76 anos, filho de Joaquim da Silva e Maria Celina da Silva. Esse homem simples sempre se destacou no universo das nossas comunidades. O seu espírito de liderança começou a aflorar quando muito jovem, participando ativamente dos movimentos que surgiram na comunidade  em  que  vivia e,  a  partir  disso, em todos os

 

 

grupos dos quais fazia parte, destacando-se  de  tal  forma que,  logo  após  seu  ingresso,

tornava-se líder, galgando os postos mais elevados e participando de todos aqueles acontecimentos que fizeram parte da vida deste homem brilhante que nós estamos homenageando aqui hoje. Homem simples e competente, está aposentado, mas não perdeu o seu dinamismo.

Uma das coisas que eu aprendi a conhecer, conversando posteriormente com o próprio homenageado e com amigos do homenageado, é que ele poderia ter passado por todas estas instituições, por todos estes movimentos e, de repente, ter sido apenas alguém que assistia a banda passar e não fazia parte maior do contexto. Mas não: ele, na verdade, foi alguém que sempre esteve presente, fazendo com que aquela realidade, que não era boa, pudesse ser modificada e que os trabalhadores que ele defendia pudessem ter nele, realmente, um grande advogado e um grande batalhador. Essa foi a vida desse homem que nós estamos homenageando hoje. É um homem simples, mas um homem que sempre dedicou a sua vida para as grandes causas e, principalmente, as causas das comunidades onde ele esteve integrado.

Por isso, eu tenho certeza absoluta de que estes amigos que hoje aqui comparecem, que nós, Vereadores da Câmara Municipal, que a Cidade de Porto Alegre está orgulhosa em poder conceder ao nosso amigo Manoel Rubi da Silva este Título de Líder Comunitário. Parabéns, Manoel. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

 

O SR. PRESIDENTE: Vamos fazer uma extensão da Mesa. Convidamos a Sra. Miguelina Medeiros, membro da Diretoria Social do Clube do Amigo; Sra. Iná Correia Rosa, Diretora Jurídica do Clube do Amigo; Sr. Elmo Rocco, 1º Secretário da Associação de Alimentação e Panificação; Sr. Alcir Lopes de Oliveira, Vice-Presidente da Associação de Alimentação dos Aposentados; representando o Secretário do Estado do Trabalho, Cidadania e Assistência Social, o Dep. Federal Eliseu Padilha; e o Ver. Daílson Maciel da Silva.

A seguir, concedemos a palavra ao Ver. Isaac Ainhorn, que falará pela Bancada do PDT.

 

O SR. ISAAC AINHORN: Sr. Presidente, Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Gostaria, antes de mais nada, de dizer da propriedade e da oportunidade da iniciativa apresentada nesta Casa pelo Ver. Luiz Braz, experiente e diligente Vereador, atendendo uma proposição e uma sugestão de uma pessoa muito cara a todos nós, assíduo nos eventos e nas festividades do Clube do Amigo, e que não está presente, é verdade, como disse o nosso Ver. Luiz Braz, porque se  submeteu  a  uma  intervenção  cirúrgica.  Mas  com  que  carinho, Manoel,  com que

 

 

diligência, nossos convidados, o nosso Veiga cuidava desta Sessão Solene e do encaminhamento desta homenagem a ti, Manoel!

Permita-me que eu - ainda mais jovem que tu, mas, com muito orgulho, já freqüentador do Clube do Amigo - te chame de Manoel, porque tu és  um  dos nossos, és

um batalhador. A tua vida, o currículo que  o  Ver. Luiz  Braz  apresentou no  Projeto  de Resolução  desta  Casa, que  fez  questão de apresentar  para  que  fique  constando  não  só na lei, mas  nos  Anais  desta  Casa, é  um  testemunho  vivo  das  tuas  contribuições  e  do orgulho  dos  teus  amigos  e  daquelas  pessoas,  Manoel,  que  acreditam em  ti.

Esta Casa acertou na sua plenitude quando oficializou e reconheceu em ti uma figura de líder comunitário que merecia esta homenagem que fica inscrita na história da nossa Cidade, na história da nossa Porto Alegre. É bem verdade que ninguém é perfeito, Manoel, e eu digo isso aos nossos convidados porque o teu currículo revela, na tua experiência internacional, que viajaste como turista acompanhando a delegação do Grêmio ao Japão na disputa do campeonato mundial de futebol. É a única coisa que eu poderia questionar no teu currículo, mas, como eu disse, ninguém é perfeito. Já vi que nem todos concordaram com a minha assertiva e a minha referência, mas só fiz essa consideração com o cunho de uma brincadeira carinhosa, porque ele valorizou essa experiência de ter ido ao Japão. Quem não valorizaria uma experiência de viajar para o outro lado do mundo, conhecer aqueles povos, aquelas suas experiências e toda a sua história? Depois de Marco Polo, muitos seguiram a sua trilha. O Manoel foi um deles, graças a Deus, acompanhando seu time, que foi vitorioso, e certamente ele vai incluir no seu currículo uma nova visita ao Japão, e aí todos nós estaremos torcendo, os porto-alegrenses, os rio-grandenses, porque o Grêmio, e aqui fala um colorado, é o nome de Porto Alegre, Manoel, que está sendo levado àquele distante País.

Eu fiz essa referência carinhosa porque esta é uma tarde carinhosa, chuvosa, bucólica e poética e talvez não houvesse dia melhor para expressar os sentimentos dos teus amigos e o reconhecimento pela tua pessoa. Nós sabemos que as pessoas que compõem o Clube Amigo são jovens, têm uma estrutura de disposição, e se alguns não estão aqui é porque estão no seu trabalho, no seu dia-a-dia, e é difícil, no meio da tarde, as pessoas se dirigirem para a Câmara Municipal. Eu tenho certeza de que esta Casa estaria repleta não fosse o horário. Mas eu e o Ver. Luiz Braz, junto com o Ver. Mário Fraga,  vamos  nos  comprometer  a dar  uma  passadinha,  em  um  dia  a  ser marcado, para lá te fazer uma homenagem, e que essa alegria do reconhecimento da Cidade de Porto Alegre a ti, como líder  comunitário, se  espalhe  para  todas  aquelas  pessoas  que te  admiram  e  que  te  querem  bem, e  que  é  um  universo  muito  grande  de   pessoas.

Uma coisa que me surpreendeu nesse Clube - eu digo isso com satisfação e com orgulho de vocês, do Clube Amigo, que é uma instituição maravilhosa, uma instituição respeitável e que orgulha a nossa Cidade - é o Manoel, como Presidente do Clube Amigo,  ter  realizado  tão  boa  e  tão  competente  administração  que  conseguiu fortalecê-lo patrimonialmente no curso desses anos. Não gastou o seu dinheiro, Ver. Luiz Braz, não gastou; apenas fez bom negócio, pagando a  locação  do  Navegantes/São José  antecipadamente,  por  dez   anos,  com  sede  no  Centro  da  Cidade  e  com  uma propriedade para, no futuro, construir a sua sede própria. E tudo isso, Presidente Mário Fraga, com o esforço e o apoio  dos  associados  e  dos  freqüentadores  dessa  instituição - digo  instituição  porque    faz  parte  da  Cidade  de  Porto  Alegre  o  Clube  Amigo.

Manoel, a nossa admiração, o nosso reconhecimento, o nosso carinho ao Clube Amigo, ao Ver. Luiz Braz, como autor da  iniciativa,  ao  nosso  querido Veiga e a

ti. Também o reconhecimento a tantas figuras queridas que eu conheci lá dentro e que já não estão mais conosco. Cito duas pessoas muito queridas: o Pé-de-Moleque, que era o nosso querido sargento da Brigada, que enriquecia aquelas noites lá, no Clube Amigo. O meu querido amigo! E o Waldemar Cantergi, que também era do Clube Amigo e que sempre me acompanhava naquelas noitadas domingueiras lá, no Clube Amigo. Mas tenho certeza de que, lá de cima, todas as pessoas estão nos acompanhando e vibrando com essa homenagem que se presta hoje a ti.

Muito obrigado a ti, Manoel, por seres essa figura querida que todos estimam. Eu acho que quem está alegre e vibrando com essa iniciativa é a Cidade de Porto Alegre, no seu conjunto, e o Ver. Luiz Braz, que foi o instrumento dessa realização. Nossa saudação. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

 

O SR. PRESIDENTE: Nós, da Presidência, da Mesa, fomos complacentes com o Ver. Isaac Ainhorn. Achamos que a homenagem é justa. Gostaríamos também, por extensão da Mesa, de nominar a Sra. Horizontina Dornelles da Silva, que é Chefe do Departamento de Assistência Social do Clube do Amigo.

Gostaria de dizer que, quando cheguei para presidir a Sessão, achei as pessoas convidadas, amigas do Manoel, muito queridas e que a homenagem era justa. Depois que o Ver. Isaac Ainhorn relatou que o Sr. Manoel foi a Tóquio, passei a achar justíssima. Essa homenagem foi muito bem feita pelo Ver. Luiz Braz, e o Sr. Manoel - eu já sabia que o seu conceito era enorme - cresceu no meu conceito depois de eu saber de sua ida a Tóquio.

Convidamos o Ver. Luiz Braz, proponente desta justa homenagem, para que faça a entrega do título ao Líder Comunitário Manoel Rubi da Silva.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Receba, Sr. Manoel Rubi da Silva, este Diploma, que é  o  reconhecimento  da  Cidade  pelo  que  V. Sa.  fez  pela  sua  comunidade. Parabéns.

 

(Procede à entrega do Diploma.) (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE:  Com  a  palavra, o Sr. Manoel Rubi da Silva, nosso

 

homenageado.

 

O  SR.  MANOEL  RUBI  DA  SILVA:  Sr.  Mário  Fraga,  Presidente  em

exercício neste ato; Ver. Luiz Braz, proponente desta homenagem; Ver. Isaac Ainhorn; demais convidados; amigos aqui presentes. Inicialmente, devo dizer que sinto uma grande emoção que domina e prejudica a palavra, porque recebo, neste momento, este título honorífico que se torna a coisa mais gratificante em minha vida porque representa cinqüenta anos de participação efetiva dentro do sindicalismo, esporte e participação na sociedade. (Palmas.)

Neste instante, com os percalços iniciais de minhas palavras, devo dizer que já em 1945 iniciava a participação no maior movimento de trabalhadores da grande Cidade de Porto Alegre - movimento reivindicatório. Eu ocupava uma das lideranças na firma em que trabalhava, na condição de sindicalizado no Sindicato dos Metalúrgicos de Porto Alegre, ao lado, também, de um Vereador desta Casa, que era o Presidente dos Metalúrgicos, José Mesquita. Devo ainda dizer que, em 1954, também 24 de outubro, mais ou menos às 10h, nós recebíamos a triste notícia do suicídio de Getúlio Vargas. A Cidade de Porto Alegre paralisou. Nos recolhemos às nossas residências. A única emissora que transmitia ao povo anunciava calma total. Entretanto, às 15h, tive a oportunidade de sair à rua, na Cristóvão Colombo, e observar, na boca da Rua Dr. Timóteo, uma enorme multidão. Ao cientificar-me do que ocorria naquela multidão, uma vez que ocorria calma total em Porto Alegre, constatamos que era uma concentração para acompanhar a destruição da Cia. de Cigarros Souza Cruz, assim como já tinha acontecido, a partir do Centro até as imediações da Brahma e Importadora Americana.

Isso tudo que estou colocando deveria ser um pouquinho adiante, porque, realmente, a emoção me dominou e não pude fazer a locução daquilo que era o meu pensamento. Perdoem-me por esse lapso!

Dando continuidade, ampliando todo o histórico das palavras e das alusões feitas pelo nobre Ver. Luiz Braz e pelo Ver. Isaac Ainhorn, comunicamos àqueles que faziam a segurança da empresa e às autoridades. Infelizmente, nada de positivo; dentro de alguns instantes, estavam aqueles que teriam destruído a trajetória que vai do Centro até a antiga Importadora Americana e Brahma tentando fazer a mesma coisa dentro da Cia. de Cigarros Souza Cruz. Tomamos a medida arrojada de agir contra a violência patrimonial. E quando chegava aquele grupo de duzentas, trezentas pessoas, quebrando vidros, arrombando os portões e a gente olhando aquilo - as autoridades todas, a polícia, a Brigada e o Corpo de Bombeiros presentes e a gente, que na ocasião ocupava a Presidência do Departamento de Esportes -, assistia a destruição de todo aquele patrimônio de vitórias. No momento da destruição da creche, notei a presença de um policial nas imediações. Nesse instante, fora de mim, gritei que não  destruíssem e  dei  a primeira pancada com um sarrafo em um dos depredadores, que correu, assim como os demais. O resto, a polícia tomou conta.  Assim,  sem  a  intervenção,  até  hoje  ninguém

sabe como terminou aquela destruição.

Quero deixar registrado nesta Casa, a Casa do Povo, este acontecimento de 1954, por ocasião do suicídio de Getúlio Vargas.

Esgotado  meu  tempo, devo  dizer  que  a  tarefa  foi extremamente árdua na minha vida. Quero registrar ainda que também fui Conselheiro do DMAE e destituído simplesmente por dois fatos. Primeiro, por achar caro os 150m de concreto para a bomba de recalque na boca da Rua Câncio Gomes. E, segundo, pelos 105 bicos de luz na Rua Santana. Pedi vista dos 105 bicos de luz que seriam instalados na Rua Santana, em um depósito do DMAE, 200% acima do custo de mercado. Por estas razões, encontrei uma grande reação no Departamento e fui destituído.

Feitas estas colocações, com as ressalvas iniciais, resta-me agradecer a todos. Não poderia deixar de fazer uma referência ao nosso prezado amigo, associado, Conselheiro Hélio Veiga, que, convalescendo de uma cirurgia, não está presente. Também o casal de irmãos, cunhados, que não se fizeram presentes por motivo de doença. Mas estamos enriquecidos pela representação da Associação de Trabalhadores Aposentados de Porto Alegre e dessa querida família do Clube Amigo, que realmente é a minha segunda casa.

Agradeço ao Sr. Presidente da Casa, Ver. Mário Fraga, ao autor dessa proposição que me distingue com o Título Honorífico, Ver. Luiz Braz, e as palavras bondosas, assim como também ao Ver. Isaac Ainhorn, ao Veiga, por tudo aquilo que fez no encaminhamento desta proposição a esta Casa, aos meus colegas de Diretoria da Associação dos Aposentados, da categoria daqueles que trabalham com alimentação, a minha querida Presidente, grande benemérita, patrona do Clube Amigo Social e Cultural, a essa plêiade de associados de grande quilate que faz parte do Clube Amigo. Enfim, a todos vocês, mais uma vez, peço escusas pela fase inicial de meu pronunciamento e registro os mais sinceros agradecimentos à Diretoria desta Casa, aos Vereadores desta Casa, assim como também a todos vocês que nos prestigiaram neste ato. Muito obrigado. (Palmas.)

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Nós, da Câmara Municipal de Porto Alegre, ficamos muito contentes com essa homenagem que foi prestada através do Ver. Luiz Braz a uma pessoa que, infelizmente, para nós, não conhecíamos, mas não tínhamos dúvidas da sua grandiosidade. Por todos que estão aqui presentes, tenho certeza que o Sr. Manoel agradece. Muito obrigado a todos.

Estão encerrados os trabalhos.

 

(Encerra-se a Sessão às 16h08min.)

 

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